Thursday, August 11, 2005

Poesia que esqueceste



Assim será.
Renascerás da terra húmida que o horizonte nos dá.
És como uma flor que murchou de tanto esperar pelo nascer de um raio de sol.

Assim foi.
De tanto mal renasceste para morrer, boca muda de tristeza.
Só para ti soubeste o que doeu o fim de um início.

Assim é.
Choras na tua voz que encanta a tua mente que relembra o seu olhar inocente de tanto afecto.
Para ti já não faz sentido a poesia que não é lida para quem é escrita.

Pois é.
No quente das lágrimas hidratas o sufoco do teu sofrimento tocado pela mão de um anjo.
Os teus lábios secos outrora inchados da paixão selaram-se da espera fracassada.

E tu?
Para onde caminhas príncipe sentimento que todos amam na mesma forma de rejeição?
Não vires as costas ao mundo que tanto tem para te fazer mudar.
És único e para ti algo único te espera.
No desespero da infelicidade uma mão te elevará o espírito da cumplicidade serena de amar a beleza interior do oceano salgado.




Escrito por Pedro Monteiro

Inerte



Fecho os olhos no colchão usado pelo fresco da tua flor.
Ilusão,
É a única forma de te sentir aqui.
Se desistires agora,
Nunca irás relembrar o meu espaço.
Eu quero sentir-me receptivo sem ter que desligar o botão.

Essa poça que te reflecte sujo.
Na sarjeta picaste o teu ponto.
A solidão consome-te como um tumor galopante que te mata.
E sem a chave do sorriso não irás lutar contra essa vontade errada de chorar.

Já te ardem as palavras.
Enfureceste-te no teu tremer.
Sufocaste-te com segredos não contados nem na tua escrita.
Engoles em seco quando te perdes mais uma vez.

Envergonhas-te no teu reflexo.
Desejas sempre voltar atrás.

Mas o tempo traiu-te.
O tempo mudou muito.
Já nem ele esclarece a tua história.
Está apenas confuso.
Está como tu.
Perdido.

Depressão prostituta da esquina do teu medo.
Esgotou-te na procura humilhante do pecado.
Tornou-te num alvo comum a abater na sua frieza posta a nu.

Foste um tiro no escuro e na escuridão desapareceste.
Foste esquecido por todos.
Esqueceste-te até de ti.

És lodo, falecido e vago.
E quem diria que um dia foste doce, vivo e objectivo.

Confundiste-te na perdição das palavras que faltam decidir o final do teu destino um dia falhado.





Escrito por Pedro Monteiro