Um Esconderijo Comum
Encontro-me no meio de um pinhal.
Coloco a mão à frente da cara porque o sol fere-me os olhos.
Inspiro com muita vontade este ar puro.
A resina escorre nas árvores.
Baixo-me e sinto a terra no chão.
Terra húmida da estação primaveril.
Será uma nova etapa.
Ouço os barulhos dos ramos caírem.
Há pouco vi os pássaros emigrarem.
Apanhei uma bolota.
Sinto-me tão vivo.
Não tarda a noite cai e o esquilo rouba-me o seu alimento.
Esquecerei o dia.
Sou como um vampiro quando chega a noite.
Fico pálido e sem me lembrar da importância do sol.
Magoa-me como se espetasse uma faca no coração.
Não importa se irei embora.
Desde que volte.
Mesmo assim posso sempre voltar enquanto sonho.
Se não tiver mais um pesadelo.
Todos ficam contentes quando volto.
Todos me sorriem.
Mas apago as minhas memórias na noite.
No dia seguinte choro por não lembrar.
Fui roubado.
Minha paixão pela felicidade tornou-se um grão de areia num deserto longínquo.
O amor? Esse traiu-me com o ódio numa ilha misteriosa.
Revi-me numa cruz num jazigo.
Fico à espera que a noite me leve as memórias esquecidas do teu enigma.
As palavras aqui, soam-me a uma canção de embalar.
De noite o silêncio abafa o poema da liberdade.
No escuro ouço o que nunca esquecerei.
No meu pesadelo escondo-me numa gruta fria e suja.
Passaram as horas de ontem, de hoje e de amanhã.
Escrito por Pedro Monteiro