Tuesday, August 23, 2005

renascer das cinzas



Ardeste nas chamas da distância que criaste.
Desperdiçaste promessas de gueixa sofrida.
Foste a mentira que trocou a minha verdade.
Deixei a tua mão lavar as minhas dúvidas.
Abri-te a janela do refúgio que é só meu.
Deitei fora toda a minha vontade de perfeição.
Respirei fundo o cheiro das tuas palavras,
E no fim faltou-me o ar num fumo de rejeição.

Fecho os olhos na praia e medito.
Liberto a mente em pensamentos salgados.
E acredito.
O rumo do meu barco só fez um desvio da sua rota.
Sinto o meu tesouro bem escondido.

O arco íris de cores escuras convenceu-me da sua beleza.
Mas a cegueira apurou-me outros sentidos.
Nunca mais confiarei nos meus olhos.
Farei tudo para saber esperar pelo dia da minha glória.

O dia pelo qual todos esperamos.
O dia em que os peixes voam.
O dia em que os pássaros ganham guelras.
O dia em que finalmente os anjos descem à Terra.
O dia em que repousarei as minhas asas de tanto voar a teu lado,
Estranha relíquia que tanto te escondes.
Aperta-me com toda a tua paixão de viver.
Toca-me com a delicadeza da tua existência.
Guia-me até ti na nossa telepatia sonhadora.



escrito por Pedro Monteiro