Desespero
Fecho os olhos quando quero ver quem quero que sejas.
Confunde-me decidir morrer quando quero tanto viver.
Ouço esta maldita desatenção que me pressiona e me chama a razão.
Todo o tempo conta e tenho perdido tempo a observar-te cepticismo.
Podia dizer para dares uns passos atrás.
Mas prefiro que apenas sofras umas metamorfoses.
Lembra-te de todas as minhas transformações…
Acredita na vontade que tive de te construir.
Desespero, arranhas-me as veias.
Tremo por dentro.
Os nervos cortam-me a alma.
O cansaço vence-me na luta dos meus pensamentos regressivos.
Estou fraco para tomar decisões.
A eternidade do nunca mais esvazia-me a esperança.
A suavidade da solidão faz-me chorar.
Não consigo pensar o que custa responsabilizar.
Culpo-me angústia?
Culpo-te desconfiança?
Não pedi para viverem aqui…
Tenho medo de me mudar.
Tenho medo dos meus próprios medos.
Houve alturas em que até podia ser fraco.
Mas afastar-me de tudo o que sempre quis?
Ajuda-me...
Dói-me a cabeça de tanto ouvir estas perguntas a gritarem-me na memória.
Sinto que me distraí durante esta caminhada e que flutuei sem sentir o sangue que sempre me correu nas veias.
O espectáculo da vida é um tempo curioso.
O segredo é fazer tudo começar.
E esperar que o sol não se ponha.
Se o sol se puser faremos qualquer coisa que por agora não sei.
E, assim, a prosa aparece escrita num apontamento secreto que nos tranquiliza a alma.
Sinto que já vivi de tudo um pouco mas, tu confundes-me história mal contada…
A vida, é qualquer coisa que ainda não sei.
Escrito por Pedro Monteiro