Na mão de estranhos...
Não olhes para mim agora...
Não vais gostar do que sei dizer.
Reparas só quando aceito a dor de um sonho perdido.
E agora decides mostrar-te pressão.
Tratei-me mal?
Já passou o tempo que achava que tinha para lutar pressionado.
Ansiedade:
Já te encontrei em tantas ocasiões e nunca te compreendi muito bem.
Espero que um dia me expliques como consegues aparecer sempre que converso com a tristeza ou a incerteza ou até mesmo com a insegurança.
Normalmente simpatizas com a insegurança e parece que até fazem um pacto contra mim.
Quase aposto que até fazem apostas só para ver qual de vós me deixa mais desgastado. Deviam olhar por mim e não para mim.
Soa sempre como o fim...
Sempre que me deito e apareces ao meu lado não te calas e nem me deixas dormir.
Fico sempre com a sensação que foste o meu jantar e que tás no meu estômago.
E dás murros e mais murros só até me veres deixar cair uma lágrima.
Uma ou duas ou três.
Por vezes és benevolente e desapareces muito depressa.
Hoje senti-te escondida atrás das minhas cortinas.
Já só estamos os dois...
Sendo assim aproxima-te...
Talvez acabe por te abraçar e te deixe adormecer comigo.
Tu falas na minha cabeça só para me fazeres sentir mal.
E desisto e luto e desisto e canso-me...
Mas no fim sentimos sempre que desistimos.
Só não quero lamentar não te ter vivido um dia sorriso.
Como pode isto estar tão errado?
Afinal de contas todos nós vivemos de uma forma muito estranha.
Todos nós escondemos e todos sentimos vergonha.
E queremos fugir mas não podemos.
Porque tu, fim do início mal começado, és a nossa sombra.
Acompanhas-nos à luz do dia e, de noite, no escuro, respiras perto do nosso ouvido para te sentirmos sempre ali...
Mas agora deixa-me pelo menos uma vez tapar a cabeça e chorar lágrimas secas de quem não quer falar sobre a vida mal legendada...
Tou farto de ser dobrado numa língua que nem eu compreendo.
Só mesmo vocês a compreendem, outros...
Quero só respirar sózinho o ar que me faz escolher o norte ou o sul...
Fartei-me de vocês estranhos...
Nem sequer me quero justificar, não perco tempo contigo ansiedade.
Prefiro virar-te as costas e seguir o caminho talvez o mais fácil mas o mais frio.
Aquele que um dia me arrependerei mas que por agora faz todo o sentido...
Sinto-me só e na mão de estranhos que conheço tão bem...
escrito por Pedro Monteiro