Sunday, May 14, 2006

Retorno à monotonia



Procurei-te e achei-te nos perdidos e achados da solidão.
Mudaste-me.
Foste a minha saída.

Já és o meu passado.
Mas não o presente nem o futuro.
És uma nova dor.

Quando tu apareceste eu tinha-me esquecido.
E relembro agora todas as diferenças do antes e depois.
E tu foste o meu meio termo.

Deixem-me só neste pequeno canto.
É a última vez que me escondo neste canto.
E canto uma música para me lembrar de ti um dia.

Estou tão desorientado ao pensar que fiquei sem ti...
Foste o meu refúgio.
O meu porto de abrigo.
A minha salvação.
A fuga da loucura.

A saída de quem se desviou da sua rota.
E perdi-te.
Estou sózinho neste pensamento.
Como uma vela que arde sózinha no canto dum quarto.

Existem coisas que não se explicam porque ninguém entende.
O valor que damos às coisas só a nós importa.

Dizer adeus é tão difícil.
Pior não há.
E aos olhos dos outros não tens valor.

Sábios são os que fecham os olhos e sonham.
E voam e reflectem num sorriso.
Mas também sofrem quando chega a hora de acordar.

Acordei.
Este sonho foi tão terapêutico que não consigo acenar um adeus.
Estou tão só neste momento.
E ninguém conhece as minhas fobias.

Sofro em silêncio a memória do meu esconderijo que no fundo é comum a todos os santos que já pecaram.

A palavra saudade não me sai da cabeça.

Mas tenho que sorrir para ti mundo que se move à rotação alucinante da monotonia.

Chegou o fim.
E foi inesperadamente esperado.

És inexplicável.
Mas morarei na tua alma para o resto da minha vida.

Onde o tempo realmente parava e os pensamentos surgiam...



escrito por Pedro Monteiro