Friday, September 07, 2007

No fim tudo conta...



Não queiras ser o que já não és porque se o fores amanhã dói.
Hoje já o sentes...
Porque irás deixar para amanhã?

Do outro lado da sala está a tua mente.
Sou assombrado pela beleza do ar e penso com um cigarro...
Penso que me assusta o tempo que tenho para me habituar a esta mente.
A minha mente.

Quero ir para casa.
O sítio onde a vida é realmente normal.
Abrando o sono para pensar.
Já sou só eu comigo mesmo.

No fundo quero um último grito em tom de pedido.
Quero-te aqui solidão precária.
Mas percebo as tuas mentiras porque caio nelas e sou um cego.
Cego na vida que não irá rever.

Tenho a pergunta comum na cabeça:
O que corre mal?
Estou a sorrir enquanto penso na resposta.

Vocês são a minha cara mas desfigurei hoje.
Sinto a diferença do cansaço obtido.
A garantia da solidão da companhia sózinha já é uma certeza.

E estou novamente a sorrir.
Porque haveria de ficar triste insegurança?
Eu expiro força e confiança de quem realmente nao pensa no que se passou antes.
E olho para a etiqueta e penso que sou um número.

Sinto que quando olhas para mim me contas.

Contas daquelas de contar.
Como se fosse uma música de embalar.
Mas estou realmente a sorrir.
Porquê?...

Já sou um anjo que premedita e que tem dificuldade em perceber como é.
Leva o seu tempo mas tu esperas relógio.
Pára um pouco...
Anda cá, eu vou-te reconfortar.
Aproxima-te também ferida.
Divaga connosco.
Lá estou eu a sorrir.

É possível sorrir com algo que já não faz sentido nenhum.
Acredita que é possível viagem eterna.

Já ninguém se importa com as insignificâncias da vida.
Eu sim, porque são as mais importantes para me conhecer melhor.
Se não quiseres porque realmente é díficil de confiar na dificuldade foge.
Corre e não olhes para trás espera.

Vou fechar os olhos e sorrir.
A vida já não permite o contrário.
Um dia será o fim e para lamentos já não terás disponibilidade.
Sorri.

Por ti, usa as lembranças e liberta e não te enganes.

Espera e sorri, até lá e nos entretantos seca as lágrimas e anda cá.
Junta-te ao disfarce comigo e sorri.
Não desesperes pressa...
Não encolhas os ombros com essa cara doce de quem quer fugir...
Apenas...sorri.
Porque no fim, tudo conta.



escrito por Pedro Monteiro