Thursday, August 11, 2005

Inerte



Fecho os olhos no colchão usado pelo fresco da tua flor.
Ilusão,
É a única forma de te sentir aqui.
Se desistires agora,
Nunca irás relembrar o meu espaço.
Eu quero sentir-me receptivo sem ter que desligar o botão.

Essa poça que te reflecte sujo.
Na sarjeta picaste o teu ponto.
A solidão consome-te como um tumor galopante que te mata.
E sem a chave do sorriso não irás lutar contra essa vontade errada de chorar.

Já te ardem as palavras.
Enfureceste-te no teu tremer.
Sufocaste-te com segredos não contados nem na tua escrita.
Engoles em seco quando te perdes mais uma vez.

Envergonhas-te no teu reflexo.
Desejas sempre voltar atrás.

Mas o tempo traiu-te.
O tempo mudou muito.
Já nem ele esclarece a tua história.
Está apenas confuso.
Está como tu.
Perdido.

Depressão prostituta da esquina do teu medo.
Esgotou-te na procura humilhante do pecado.
Tornou-te num alvo comum a abater na sua frieza posta a nu.

Foste um tiro no escuro e na escuridão desapareceste.
Foste esquecido por todos.
Esqueceste-te até de ti.

És lodo, falecido e vago.
E quem diria que um dia foste doce, vivo e objectivo.

Confundiste-te na perdição das palavras que faltam decidir o final do teu destino um dia falhado.





Escrito por Pedro Monteiro

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