Wednesday, August 03, 2005

Como um isco



Na tua roupa azul passaram-se anos de poesia.
Os ventos trouxeram-te o caminhar das palavras usadas.
Os mares levaram-te aquele belo dia.

As deusas do desejo taparam-te da lembrança.
Ensinando-te a prosa que já tinha sido pintada.

Com as minhas duas mãos,
Ergo-te em punho ao mundo,
Mente fértil desta alma suja.

Já nem os banhos te libertam do cheiro a más recordações.
Já nem a atenção te distrai dum Universo paralelo.
Onde quer que vás, darás um passo atrás e retornas à mesma calçada.
Onde quer que toques, deixarás a tua marca.
Mas para onde quer que olhes, irás sempre ver um parecença.
E a dor será mais que um soco no estômago.
Será o veneno a coagular nas tuas veias.
Será o teu fim.
E com o teu fim,
Recomeçarás a reviver os cheiros, as associações de ideias e o ouvir de uma música duma forma tranquila e sorridente.
Para subires ao topo da felicidade terás que descer ao fundo do teu poço.
E pensa que há poços sempre muito mais fundos que o teu.
Nunca penses que o mundo acabou.
A vida à tua volta contínua, tu é que fizeste uma pausa no quadro pintado por palavras usadas da tua prosa antiga.
Neste lugar, neste preciso momento, canto-te a minha balada com o meu cheiro onde irás para sempre ter uma ligação a mim.
Associa-te a alguém todos os dias.
Nunca te deixes prender.
Nunca te deixes perder.



escrito por Pedro Monteiro

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